sexta-feira, 17 de abril de 2009

O desafio de se formar empreendedores através da reformulação do modelo educacional

Muito se tem dito de que a educação é a base do desenvolvimento dos países ricos, principalmente as nações européias que a até a década de 70 do século XX conviviam com enormes taxas de pobreza, devido aos resquícios das duas guerras mundiais. Os europeus assim como os Japoneses destruídos pela guerra se reconstruíram através da educação.
O exemplo sempre é citado no Brasil, para que o mesmo possa ser uma potência como os europeus, deverá investir pesado na educação de seu povo. Com muitos anos de atraso o investimento deverá ser feito com certa urgência para mudar a estrutura educacional do país que está engessada em estruturas arcaicas conforme salienta LAPOLLI, formando alunos para profissões que não existem mais.
No Brasil as pessoas através do “jeitinho brasileiro”, expressão utilizada pelo antropólogo Roberto Damatta, tenta contornar de improviso, sem sustentação, as coisas do cotidiano e assim vale também para o gerenciamento de sua empresa ou abertura do seu próprio negocio.
Não existe uma política educacional e nem o hábito cultural de empreender no Brasil como acontece nos Estados Unidos. Despreparadas as pessoas querem empreender de qualquer jeito, e o resultado como mostra uma pesquisa (período 1995 e 1999) da JUCEMG/SP é de que 71% das 1.750 empresas pesquisadas encerram as suas atividades antes de completarem cinco anos de vida.
Quando verificamos que a educação não possibilita o surgimento de mais empreendedores, alguns fatores devem ser levados em consideração, primeiro porque o paradigma do sistema educacional forma empregados, como destaca BRINGHENTI, não que isso seja errado, mas deveria incentivar com a mesma intensidade a ser patrão também.. Além disso, por questões possivelmente movidos pela moral católica de que enriquecer é pecado, não possuímos o hábito de discutir em família assuntos como planejamento e independência financeira etc.
Iniciativas educacionais tem ocorrido sobretudo por algumas associações comerciais ou através do SEBRAE em todo o país, o que colabora para mudar este quadro viciado de nossa educação. No caso do chaveiro carioca, sem a iniciativa do SEBRAE-RJ em promover o curso de negócios, o seu lado empreendedor nunca desabrocharia, nunca mudaria de ramo de chaveiro para dono de um restaurante.
Uma das teses que poderia estimular a mudança do paradigma educacional brasileiro especificamente, seria trabalhar o indivíduo através de seu processo criativo. Temos vários casos de sucesso em que as pessoas trabalham menos horas diárias, fazem o que gostam e ganham duas, três ou mais vezes do que no período em que eram empregados de uma empresa. Se o processo criativo surge em cada indivíduo no momento em que este está ociando, como diria o sociólogo italiano Domenico de Masi, já é hora nossas escolas deixarem fluir
lado criativo de cada empreendedor.
Hoje com quase todas as atividades sendo desenvolvidas por modernas máquinas, com incremento tecnológico da informática, seria um desperdício de tempo, esforço e dinheiro continuarmos com com um plano de curso ultrapassado, engessado, em que 70% ou 80% dos conteúdos o aluno é obrigado a fazer porque faz parte do currículo mínimo. Seria mais interessante e produtivo possibilitar que aluno e professor trabalhem em prol de algo efetivo, que o aluno goste e vá “tocar pra frente” o seu negócio, aquilo que ele sabe fazer. Não serei ousado em afirmar que esse talvez seja o motivo pelo qual a maioria das micro e pequenas empresas encerram suas atividades antes de cinco anos, ou dos altos índices de evasão escolar.
Para que as pessoas possam começar a empreender, seja seu próprio negócio ou mesmo na empresa na qual trabalha, o ambiente que o cerca terá de ser propício para que ele potencialize suas habilidades, criatividade, e espírito de liderança; isso é possível somente através de uma ampla reforma pedagógica no Brasil.



Referencias
FRIEDLAENDER, G. M. S; BRINGHENTI, C e LAPOLLI, E. M. Preparando-se para
Empreender. In. ENEMPRE – Encontro Nacional de Empreendedorismo. 4, Anais,
Florianópolis: ENE, 2002.

SEBRAE. SobreviVencia e MORTALIDADE DAS EMPRESAS PAULISTAS DE 01 A 5 ANOS. Disponível em:
WWW.sebraesp.com.br/principal . em 17/09/2008
DE MASI,Domenico. A economia do ócio.Rio de Janeiro:sextante,2001.
http://www.empreenderparatodos.adm.br/vida/mat_12.htm

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