quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Papel do bibliotecário no planejamento estratégico da empresa

A atuação do bibliotecário e as evoluções das tecnologias da Informação.

Neste artigo serão ressaltadas algumas transformações que ocorreram no ambiente de trabalho do bibliotecário ao longo da história, dentre elas os avanços da tecnologia, que culminaram em mudanças significativas em todas as áreas do conhecimento. Estas mudanças alteraram não só o “modo de fazer as coisas”, mas também a estrutura e funcionamento da sociedade e de suas organizações, redefinindo assim o modo de atuação dos profissionais no mercado de trabalho. Conseqüentemente analisaremos a atuação do bibliotecário como profissional capacitado a romper paradigmas conservadores de sua área e atuar na esfera empresarial como tomador de decisão.
A figura milenar do bibliotecário na sociedade vem sofrendo transformações que são inerentes aos avanços do conhecimento e da tecnologia. Esta profissão conviveu com várias mudanças ao longo da história, principalmente o trabalho com manuseio de suportes mais variados, como: pergaminho, tablete de argila, papiro dentre outros. Com a Revolução da microeletrônica, ou revolução digital em meados do século XX, os bibliotecários passaram a utilizar estas inovações tecnológicas no tratamento da informação em suas atividades.
Com a revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação começou a remodelar a base material da sociedade em ritmo acelerado. É neste ambiente que o bibliotecário terá de atuar, não só em bibliotecas, mas em outras unidades de informação, principalmente em empresas, lidando agora, mais do que em qualquer tempo, com o maior bem de capital presente numa empresa que é a informação.
Talvez a maior dificuldade de atuação do bibliotecário dentro desta nova perspectiva não reside no sentido da mudança de suporte da informação, que está por força das evoluções tecnológicas migrando do milenar papel para a forma eletrônica (on-line), e sim na maior dificuldade em mudar de ambiente de trabalho, atuando também em financeiras, bancos, escritórios de advocacias, e empresas de vários ramos; como nos mostra um estudo realizado por BAPTISTA (2000) nas regiões sul e sudeste.
Nessa transição observa-se, na literatura disponível a cerca do tema, uma enorme dificuldade do bibliotecário em se posicionar no mercado de trabalho além das unidades de informação já tradicionais como as bibliotecas. Pelo menos é isso que se percebe da atuação do bibliotecário no Brasil, muitos ainda não descobriram este lado interessante da sua área que é trabalhar em empresas, se o faz aqui no Brasil os exemplos são tímidos ainda. Os seus colegas do estrangeiro, da Europa como a Inglaterra, Alemanha e França e na América do Norte, os Estados Unidos, já estão disponibilizando os seus conhecimentos a serviço das empresas de vários ramos.

As habilidades do bibliotecário a serviço da empresa

Com o crescimento da tecnologia e conseqüentemente das informações disponíveis nas empresas, começaram a surgir dificuldades no sentido de controlar estes estoques informacionais. Com o mercado extremamente competitivo para as empresas não basta ter a informação, é preciso considerar que o sucesso de qualquer organização não depende somente das informações disponíveis, é necessário que em seus quadros tenham um profissional qualificado da área, no caso um bibliotecário, que possa agregar valor a essa informação.
O bibliotecário mais do qualquer outro profissional da informação domina as técnicas de sua área no que tange ao tratamento da informação e ele possui os conhecimentos necessários para elaborar e fazer parte do planejamento estratégico de uma empresa. Este profissional está habilitado a fazer o tratamento da informação, coletando, analisando, organizando e implementando ações que serão utilizadas para a melhoria contínua das atividades da empresa. Como ressalta Davenport (1998), o único profissional da informação que domina as técnicas de organização e classificação é o bibliotecário, além de trabalhar com fontes de informação interna sabe lidar também com as externas. Estas habilidades conferem ao bibliotecário um diferencial competitivo nas organizações.
Não existe um perfil ideal, tipificado, para este bibliotecário moderno atingir posição de destaque no organograma da empresa com poder de decisões. Aliado a seus conhecimentos da biblioteconomia há que se ter sensibilidade, talento e entender dos processos administrativos, orçamentários e tecnológicos da empresa.
Portanto, frente às diversidades do mercado de trabalho e às poucas ofertas de vagas em bibliotecas, as oportunidades de trabalho para os bibliotecários aumentam devido á sua formação diversificada, o que os possibilitam a executar vários papéis nas empresas dentre eles o planejamento estratégico.


Referências:

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2005. v.1

DAVENPORT, T. D.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

BAPTISTA, S.G. Profissional da informação, autônomo ou empresário, novas perspectivas de mercado de trabalho. Perspectivas em ciência da informação, V.5, n.1, p.91-98, jan./jun.2000.

Impressões do livro O Sangue do mundo

Em seu romance anterior, A viagem de Théo (1998), Catherine Clément nos apresentou o adolescente Théo Fournay. Naquele livro, Théo - então vítima de uma doença grave - acompanhava sua tia Marthe em uma viagem inesquecível pelo mundo. Durante o passeio, o jovem conhece de perto diversas religiões e entende as peculiaridades espirituais e culturais do Ocidente e do Oriente. Em O sangue do mundo, Clément retoma a vida de Théo. O rapaz, agora um adulto de 26 anos, dedica-se a causas ecológicas e elabora um projeto para concorrer a uma bolsa de estudos oferecida por uma fundação voltada à preservação do meio ambiente. A Terra está cansada, os recursos naturais se esgotam, e essa preocupação move Théo pelo mundo. Salvar os seres vivos é a grande questão para esse jovem, ainda que esse ideal nem sempre implique optar pela preservação dos costumes dos seres humanos.


Sobre as considerações deste romance de Catherine Clement, preferi analisá-lo em tópicos (capítulos), da mesma forma que postei no BLOG, critério que considerei necessário para uma maior reflexão da obra, sobretudo neste momento que estamos sofrendo com a escassez de recursos naturais devido ao desenvolvimento econômico desregulado do planeta.



Capitulo: Sangue do mundo
Sempre que Vejo aquele chão estrelado, luzes trêmulas de sódio e as minúsculas lamparinas das metrópoles pobres, eu me emociono. Não é como nas capitais dos países ricos. Nada de vitrines iluminadas, nada de iluminação pública, nenhum desses grandes espetáculos de luzes que fazem de Nova York ou de Paris rios de diamantes perenes.
Não há mais noites nas cidades do ocidente. Brilham demais, brilham de forma incandescente. Tão forte que os espécimes noturnos nelas se perdem e não encontram mais seus ciclos biológicos. Roedores,répteis,insetos, todas as espécies de animais não tem mais a escuridão de que precisam para se alimentar e se reproduzir. Enquanto isso, iluminamos. Em nome da beleza, mas que papel! Quem está preocupado com os seres noturnos incomodados pela Luz? (Pág.21)

Capítulo: Aquecimento Global

“....Os antibióticos existentes quase não surtem mais efeito, que, logo, logo, não poderemos mais combater as infecções, e que voltaremos a épocas que já esquecemos, aquelas em que as pessoas morriam á toa. Sabe por que ? Porque criadores idiotas deram antibióticos a seus animais para engorda-los mais depressa, só pensam em lucro...” Pág.40

- Não sou contra o progresso, Tia Marte! Quero que ele seja regulado. Você sabe que a ONU aprovou uma convenção para reduzir as emissões de gases que colaboram com o efeito estufa?
- Muito Bem! Que os países ricos sejam os primeiros! Como você sabe, os países pobres, onde a eletricidade ainda não chegou pra valer, não estão dispostos a renunciar o progresso! Negue isso...
Não, não ousarei.
Quem poluiu o mundo? Nós, os ricos. E quem dá as lições?
Em principio nós os ricos. Pág.41 e 42.

Capítulo: A terra está cansada

Catorze milhões de habitantes, 5 mil carros novos por dia, um nascimento por segundo, e, em menos de vinte anos, 2 bilhões de cidadãos indianos.
- Você vê, Théo - Começa tia Marte com seu tom sentencioso-, quando não há muita gente, respiro melhor. Quer saber? O verdadeiro problema não é a poluição. É a demografia! O mal que destrói o universo é a superpopulação do mundo.
- Justamente, Tia Marthe. Como se o número de humanos sobre a terra não levasse a sua destruição! Para alimentá-los, a gente tasca adubo químico. Para eliminá-los, gastamos uma energia louca, e isso sem falar nos transportes. Pág.49


Capítulo: A água está doente

Envolvida de branco da cabeça aos pés, uma mulher que caminha lentamente, no acostamento. Ela tem na mão um abana-moscas, mas o que está fazendo? Em vez de agitá-lo para afastar os insetos, está varrendo a estrada! Uma religiosa jainista. Para não correr o risco de caminhar sobre o ser vivo, ela varre adiante dela. A vassourinha é feita de fibras de algodão puro trançado, especialmente suave, para não causar sofrimento. Não é o cúmulo da não-violência? Pág.67

Provenientes da mesma época do budismo, sobreviveram apenas na Índia, onde são milhões. Vegetarianos radicais- nem ovos nem raízes;porque podem esconder parasitas...Pânico da idéia de matar um ser vivo. Trazem na boca uma máscara de tecido fino para evitar engolir um micróbio ou uma bactéria. Algumas vezes passeiam completamente nus, vestidos de nada. Muito empreendedores, tornam-se grandes comerciantes, são austeros, caridosos. Os únicos no mundo que praticam uma não-violência absoluta. Pág.67 e 68.

Não gosto das manhãs, são angustiantes. A idéia de refazer o mundo todos os dias tem algo de insuportável. Quando durmo numa tenda sobre um terreno minado,acordo melhor, preciso tratar rápido de pessoas que sofrem. Mas, num mundo em paz, o que devo fazer ? Escutar as notícias, a bolsa, os indicadores econômicos? Assistir ás aulas na faculdade? É triste! Não há um só dia em Paris em que, ao acordar, eu não sinto o coração apertado. Pág.74.

Os ocidentais sacam suas máquinas fotográficas e clique! Instantâneos. Dizem que essas cenas são bíblicas. Um chavão. Você, pelo menos, não tira fotos. Não tentar roubar nossos seres para exibi-los quando voltar.
- Mas é mesmo muito bonito-digo baixinho.
- Chamo isso de poluição do olhar-Diz Prem.- Não somos animais para sermos fotografados.
Prem pega pesado! Poluição do olhar? Nunca pensei nisso! O que isso quer realmente dizer? Que somos colonizadores quando fotografamos? É verdade que, na África, as mulheres ficam tão furiosas quando são fotografadas que exigem pagamento. Pág.75

Na Índia, o excremento humano, ao contrário do que ocorre com o da vaca, não é recuperado, é abandonado. Não são mais os cais sagrados de Benares, mas cocô Square. Ninguém limpa, ninguém recolhe os excrementos, vejo que defecam até no rio. Os caras não estão nem aí. Não se incomodam. É preciso acreditar que isso faz parte da cultura, pelo menos é isso o que nós, ecologistas, dizemos. Por respeitarmos as culturas, veneramos as diferenças. Pág.78

O sol está forte, Mahantji pisca os olhos. As pessoas chegam, colocam as tralhas no chão, pegam o sabonete, a toalha, e fazem a toalete no rio. As mães põem os meninos para urinar na água, limpam a bunda deles. Os que não se lavam entram para rezar, tomam um gole de água; com o olhar triste, desprezam os que se esfregam: por favor, sabonete no Ganges! E precisa? A água não é pura? Mais ao longe, um pequeno corpo verde bóia lentamente. É um bebê morto, Mahantji aponta com o dedo e suspira.
- É hora de voltar-diz.- pode me ajudar a subir os degraus? Já estou velho.
Ninguém tem o direito de tocar no bebê morto. Quando a corrente o aproxima dos banhistas, estes o afastam com um pedaço de pau. Será que as tartarugas carnívoras estão em greve? Pág.89

Capítulo: os mares estão doentes

Renate e eu nos despedimos no aeroporto de Tashkent, aonde chegamos de avião vindos de Nukus. Uma pista não é o lugar ideal para despedidas. Cheiro de gasolina, motores ligados, ruídos e zumbidos, jatos de calor e vento encanado, técnicos agitando bandeirinhas para dar ordem aos aviõezinhos, e nós, os apaixonados, em cena de adeus nesse aeroporto da Ásia Central. Renate embarca para Benares. Demo-nos um beijo em cada face, acariciei os cachos ruivos dela, Renate caminhou pela passarela, chegou a se voltar como no final de um filme para fazer um sinal com uma das mãos, enquanto o pequeno diamante na asa do nariz faiscou ao sol, uma centelha de deslumbramento.Sumiu. Pág.144.

Bastava se isolar do mundo para melhor reconstruí-lo. Comprei alguns hectares de vinhedo em plena Califórnia, havia ainda lugares distantes da civilização naquela época.Formamos uma comunidade, de umas sete pessoas, um número sagrado, e queríamos mudar de vida. Fugir do capitalismo, viver em grupo, eliminar raiva e ciúme, praticar ioga toda manhã, cultivar legumes, comer nossas frutas, criar galinhas.
Marilyn, uma jovem loura, dava as instruções. Eu nunca falava de Tom. Estava com Lewis, um etnólogo americanista que passara um tempo na Venezuela. Ele tivera a idéia de alojar nosso grupo numa casa comunitária, uma grande casa redonda como a dos Índios, para melhor partilhar, era o que dizia. Pág.148.

Capítulo: de Florestas e Homens

- Você não quer falar da Organização Mundial do comércio?
- É preciso negociar novas regras, distribuir as riquezas de outra forma, salvaguardar as economias dos países pobres, permitir que exportem para os países ricos, é trabalhoso, mas sabemos como fazer...
- Quem governa o mundo, na sua opinião?
- Acabo de lhe dizer, Théo! O dinheiro!
- Não. Os Estados Unidos.
- Você não vai cair nessa, Théo! Tenho horror de quem é antiamericano.
- Veremos, tia Marte. Quem se recusa a falar do aquecimento global? Quem dedica quase nada do orçamento para ajudar os países pobres? Quem quer acabar com a ONU? Os Estados Unidos. Quem persiste em subvencionar seus agricultores bloqueando o caminho dos países pobres? Os Estados Unidos e a Europa. Quem fixa as famosas regras da Organização mundial do comércio defendidas por você em detrimento dos pobres? A Europa e os Estados Unidos. Quem quer dominar o mercado dos medicamentos impedindo que os doentes que contraíram aids se sirvam deles nos países pobres? A Europa e os Estados Unidos. Os países ricos, minha cara! Pág.156.

De volta aos pigmeus de Camarões. Esse é um país engraçado, cuja ponta vai até o Chade como um dedo curvo, dunas, areias e deserto; ao sul, na parte em que está a floresta, vivem os pigmeus. Os que vão nos receber são os Bakola, que vivem em pequenos grupos dispersos ao longo da linha do oleoduto; trata-se de cerca de 2500 caras que vivem da caça e da agricultura. Este é o desafio do oleoduto: os pigmeus poderão continuar a caçar e a plantar quando o lugar onde vivem se transformar num grande canteiro de obras.
O oleoduto tem 1078 quilômetros de extensão. Quando estiver funcionando, vai transportar o equivalente a 260 mil barris de petróleo por ano. Seu ponto de partida está na região de Doba, no Chade, e seu ponto de chegada é um navio-tanque gigante estivado em mar aberto, a onze quilômetros de Kribi, uma pequena estação balneária na Costa de Camarões. Esse navio-tanque pode estocar sozinho 2 milhões de barris. Os números são gigantescos. Depositadas num banco de Londres, as divisas do petróleo, que já começam a entrar, proporcionarão 120 milhões de dólares por ano ao Chade; a Camarões, mero território de passagem, nem tanto. É o Chade que é dono dos campos de petróleo, “nosso sangue”, como dizem os Chadianos.
Nosso sangue, petróleo? Isso me dá calafrios.
Camarões 15% de terras aráveis, 5% de campos irrigados, 50% de floresta equatorial. Cinqüenta por cento de floresta, num planeta que tem dificuldades para respirar, é um tesouro de biodiversidade. O tesouro corre perigo de ser saqueado? Sim. Pág.162.


Primeiro, quando a copa das árvores desaparece, a temperatura no solo aumenta em proporções consideráveis. Na Amazônia, ela é doze graus mais elevada que na parte úmida ainda coberta de plantas. Segundo, como o ciclo da transpiração das folhas se desregula, as árvores não expelem mais umidade na atmosfera, e as chuvas diminuem. Terceiro, o resíduo das chuvas tropicais não é mais retido nos solos desmatados e os lençóis freáticos sofrem com isso. Os solos, nesse caso, estão “cozinhados”. Quarto, haverá então inundações e deslizamentos de terras. Quinto, quando a floresta é destruída, o carbono, armazenado nas arvores na proporção de 40% do carbono terrestre, libera-se sob a forma de CO2. Sexto, quando há florestas, o solo se recicla em nutrientes com as matérias orgânicas originadas das árvores, mas sem florestas não há mais nutrientes. Entendeu?
- É o apocalipse! Aumento do aquecimento global, desperdício das águas pluviais, inundações e catástrofes, erosão definitiva dos solos. Pág.166.

capitulo: Desertos, lixos, mau cheiro

-Invernada?
Foi o nome que os colonos franceses deram á estação das chuvas que caem na África Ocidental de julho a novembro. Mas lá se vão vinte anos, e nada mais de chuva ou de gritos de gaivotas, enfim, nada. Nesse tempo, o deserto avançou de tal forma em Abidjan, capital da Costa do Marfim, que a areia passou a cobrir os carros á noite... Um deserto se alastra com muita rapidez. Num espaço de quatro ou cinco séculos. Pág. 200.

Capitulo: a esperança faz viver

“Se vocês soubessem, ó estrangeiros, o medo que sentimos em certos momentos, compreenderiam por que somos tão dados a festas, cantos e danças.” Pág.271


CLEMENT, Catherine.O sangue do Mundo: a outra viagem de Théo.São Paulo: Companhia das letras,2005.