sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O surgimento dos Arquivos e as práticas da Arquivologia

O surgimento dos arquivos remontam a era do aparecimento da escrita, e conseqüentemente a produção de documentos, e tem como objetivo guardar e preservar os documentos e em alguns casos proporcionar o acesso ao cidadão. Na literatura encontramos várias definições para arquivo, no entanto considero o conceito utilizado pelo arquivista italiano Eugênio Casanova (1867-1951), o que melhor define a expressão: “...a acumulação ordenada de documentos criados por uma instituição ou pessoa no curso de sua atividade e preservados para a consecução de seus objetivos políticos, legais e culturais, e pela referida instituição ou pessoa.”

A gestão de documentos ao longo da história, sempre foi praticada, mas não com a intensidade verificada a partir Século XX em virtude do enorme volume de documentos produzidos, seja na iniciativa privada ou pública. Na perspectiva da Arquivologia, a gestão de documentos é um conjunto de medidas e rotinas visando á racionalização e eficiência na criação e tramitação, classificação, uso primário e avaliação de arquivos. Mas para preservar o documento e a recuperação dos documentos, bem como a aquisição dos mesmos pelo arquivo foi necessário criar uma disciplina que fornecesse um arcabouço teórico para a área, surgindo então a Arquivologia em 1821 na França.

A Arquivologia é a disciplina que tem por objetivo o conhecimento dos arquivos e dos princípios e técnicas a serem aplicados na sua constituição, organização, desenvolvimento e utilização. É também responsável por municiar os arquivistas e sua equipe do tratamento técnico dos registros documentais, ou seja dos documentos que compõem o acervo vindos de recolhimento, transferência e doação. Uma etapa anterior a entrada dos documentos deverá ser observada tanto pelo órgão produtor como pelo arquivo receptor, estamos falando do ciclo de vida dos documentos que é dividida em três idades:

Arquivos correntes: é o período durante o qual os documentos ativos são indispensáveis á manutenção das atividades cotidianas da administração. Chamados a ser utilizados freqüentemente, devem permanecer o mais perto possível do utilizador ou, se estiverem em memória de computador, ser fácil e rapidamente acessíveis.
Arquivos intermediários: é o período durante o qual os documentos semi-ativos, seja qual for o suporte utilizado, devem ser conservados por razões administrativas, legais ou financeiras, mas não tem de ser utilizados para assegurar as atividades cotidianas de uma administração.
Arquivos permanentes: é o período a partir do qual os documentos inativos deixam de ter valor previsível para a organização que os produziu. Não tendo já que responder aos objetivos da sua criação, os documentos são eliminados ou conservados como arquivos definitivos se possuírem o valor de testemunho.

Além dos tipos de arquivos definido pela teoria das três idades, ao documento lhe é conferido a qualidade de valores primário ou secundário. O valor primário é definido com base nas suas utilizações imediatas e administrativas que lhe foram conferidas por seus criadores, nas razões para as quais o documento foi criado. Já no valor secundário do documento é definido na não utilização imediata ou científica do documento. Esta qualidade radica essencialmente no testemunho privilegiado e objetivo que o documento fornece.

Os documentos arquivisticos, independente da natureza do arquivo (público ou privado) e da forma de entrada (recolhimento, transferência ou doação) deverá obedecer a um dos princípios da Arquivologia á saber:

Princípio da proveniência: é o “Princípio segundo o qual os arquivos originários de uma instituição ou de uma pessoa devem manter sua individualidade, não sendo misturados aos de origem diversa”;
Princípio da manutenção: O princípio de manutenção da ordem original, DURANTI (1994) o considera como um princípio de proveniência sob o ponto de vista interno do arquivo;
O outro princípio que fundamenta as ações de classificação de informações arquivísticas é o princípio da ordem original. Para Rousseau e Couture (1998, p.83), essa vinculação é representada, inclusive, na denominação adotada para os princípios.

DURANTI (1994), nos adverte sobre o status que o documento possui, ou seja, suas características. O documento de arquivo não é um papel solto guardado no acervo por que assim determina a legislação. Ele é carregado de atributos importantes que o arquivista o distingue dos demais.

A primeira característica é a imparcialidade. Parte-se do pressuposto que os registros são verdadeiros.As razões e circunstâncias de sua criação(rotinas processuais) asseguram que não foram feitos na intenção ou para a informação na posteridade.

A segunda característica é a autenticidade. São autênticos por que foram criados tendo em mente a necessidade de agir através deles.

A terceira característica é definida pela naturalidade. A naturalidade deve-se a maneira com que o documento se acumula no curso das transações. Eles não são coletados artificialmente, e sim naturalmente nos escritórios em função dos objetivos práticos da administração.

A quarta característica é o inter-relacionamento. Esta característica é devida ao fato de que o documento estabelece inter-relações no curso das transações e necessidades.

A quinta característica é a unicidade. Conferida por que cada item documental assume um lugar único na estrutura do grupo ao qual pertence.

Em síntese, estas são as principais práticas da Arquivologia, conhecimentos teóricos e práticos voltados para a organização e gestão dos Arquivos, tais como: organização, gestão dos documentos, recuperação da informação, conservação e preservação de documentos.



Referências:

DURANTI, Luciana. Registros documentais contemporâneos como provas de ação. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.7,n.13,1994.p.49-64. (disponível em:http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm) acesso em 04/10/2009

JARDIM, José Maria, FONSECA, Maria Odila. Arquivos. In:CAMPELLO,Bernadete Santos, CALDEIRA, Paulo da Terra, MACEDO, Vera Amália Amarante (orgs.) Formas e expressões do conhecimento: introdução as fontes de informação. Belo Horizonte: Escola de Biblioteconomia da UFMG,1998. p.p.369-389.

ROSSEAU, Jeans-Yves,COUTURE, Carol. Os fundamentos da disciplina arquivística. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1998.

RODRIGUES,A.M.L. A teoria dos arquivos e a gestão dos documentos. Perspect. Ciênc. Inf., Belo Horizonte, v.11,n.1,p.102-117, jan./abr.2006.
SCHELLENBERG, Theodore Roosevelt. Arquivos modernos: principios e técnicas. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Undação Getúlio Vargas, 2006.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Arquivo Público do Paraná:Lugar de memória e identidade do povo paranaense

Resumo:

O presente artigo pretende discutir algumas questões sobre o Arquivo Público do estado do Paraná, sobretudo se está em conformidade com as exigências da lei federal nº 8.159/1991. Está presente também neste texto, uma análise do arquivo como espaço de preservação, difusão da cultura do povo paranaense, e ainda, se esta unidade de informação pode ser considerada “lugar de memória” .

O arquivo Público do Estado do Paraná e a legislação que dispõe sobre o acesso aos documentos

Os arquivos públicos até a década de 90 do século XX, eram instituições que atendiam trâmites burocráticos no que tange ao recolhimento e a guarda de documentos oriundos da produção cotidiana nas diversas secretárias e repartições públicas. As visitações por parte do público em geral eram restritas, sobretudo durante o regime militar que negavam aos cidadãos acesso aos documentos sob a guarda dos arquivos públicos.
Um sopro de democratização ao acesso aos documentos de arquivo por parte dos cidadãos, começou principalmente apartir de 1990, com promulgações de leis e, maior conscientização dos cidadãos, que permitiram a qualquer pessoa o acesso a documentos, seja para pesquisa acadêmica ou para fins probatórios. A própria lei Nº 8.159, DE 08 DE JANEIRO DE 1991 no capítulo V dispõe sobre o Acesso e do Sigilo dos Documentos Públicos quando diz no art. 22: “ É assegurado o direito de acesso pleno aos documentos públicos.” Mais recentemente é promulgada outra lei com os pareceres idênticos a mencionada aima a lei nº 46/2007 de 24 de agosto, no artigo 5º Direito de acesso dispõe:

“todos, sem necessidade de mencionar qualquer interesse, tem direito de acesso
aos documentos administrativos, o qual compreende o direito de consulta, de
reprodução e informação sobre a sua existência e conteúdo.”

O Arquivo Público do Estado do Paraná está em conformidade com a lei 8.159/1991 no que concerne a sua estrutura organizacional enquanto instituição responsável pelo recebimento, guarda, preservação e disponibilização dos documentos aos cidadãos do Paraná.
Na literatura sobre o tema, existe uma certa discussão se realmente os documentos que estão sob a guarda do Arquivo público é de fato a memória de um povo. Os fragmentos culturais ali conservados sob a ótica fria dos preceitos do arquivista, espelham a produção cultural de um povo ou apenas da classe dominante, que naquele momento estava no poder e produziu os documentos? São dúvidas pertinentes que lançam um olhar crítico não só sobre o Arquivo Público do Estado do Paraná, mas de todas as Instituições deste gênero no Brasil.
Em seu artigo intitulado a invenção da memória nos Arquivos públicos, JARDIM (1995) vai mais além, questiona as formas de recolhimento do acervo:
“A lógica da constituição desses acervos de valor “permanente” resulta em geral
não de uma política de recolhimento por parte dos arquivos, mas de ações
isoladas, como a extinção de órgãos públicos, falta de espaço físico em
determinadas repartições, etc. “

Neste sentido, seria interessante reavaliarmos o caráter terminológico que os arquivos públicos assumiram como “o lugar de preservação da cultura de um povo” ou “lugar de preservação da memória”, do qual não concorda alguns teóricos, e aí não é exceção a regra o Arquivo do Estado do Paraná.
Para SANTOS (2003 apud HALBWACHS,1938), que considera que a memória é uma construção coletiva e nÃo individual, porque é construída cotidianamente em locais fora das esferas administrativas do aparelho estatal e por sujeitos comuns que não fazem parte da “história oficial.”
Portanto naquilo que dispõe a legislação em vigor, especialmente o que trata a lei 8.159, não temos dúvida de que o Arquivo Público Paranaense cumpre o que determina a lei. O que se pretendeu aqui neste espaço foi levantar algumas questões, por exemplo, de como o acervo foi constituído, bem como o tratamento técnico que o mesmo foi submetido, especificamente no que concerne aos critérios. No entanto não é intenção deste artigo aprofundar no tema.

Arquivo Público como lugar de preservação e difusão da história e cultura local

O Arquivo Público do Estado do Paraná contribui para a preservação e difusão de aspectos ligados a cultura e principalmente da identidade local, visto que foi um dos estados que mais receberam imigrantes para trabalhar em suas lavouras durante o século XVIII e até início do século XX.
Os fundos que constituem o acervo constam de registro cadastral de 18 países, que abasteceram o estado do Paraná com mão-de-obra em diversos segmentos da economia, com predominância para a agricultura que era a principal atividade da época. Um estado que se constituiu culturalmente por Alemães, italianos, poloneses, austríacos, portugueses etc., estes com imensa vocação para a lavoura.
O fator que motivou a imigração não vem a ser o ponto central da análise, o fato é que ao aportar com suas famílias no estado, trouxe também seus modos de vida oriundos das suas regiões, o que implica em transformações de comportamentos culturais dos nativos do Paraná. Com os imigrantes vieram também suas tradições, sua herança cultural. A influência na língua, com o português arrastado interrogativo, a culinária, as danças típicas destas famílias ao fim das colheitas.
A guarda destes documentos especificamente deste fundo (cadastro de registro de Imigrantes), que contém nome completo, data de desembarque, nacionalidade, o nº do livro e a ordem, dentre outras informações, por si só, já demonstra preocupação do Arquivo com a preservação da cultura e identidade destes povos, que ajudaram a constituir o estado do Paraná.
A preservação destes documentos dá a possibilidade a pesquisadores e demais interessados a oportunidade de ter acesso a um acervo até então intocado por motivos já expostos aqui, caso da censura durante regime militar e conseqüentemente do pouco hábito que o brasileiro possui de visitar arquivos, museus etc. Talvez até reflexos dos anos de cerceamento da liberdade de expressão.
A partir do momento em que os pesquisadores começam a ter acesso a estes documentos cresce também o numero de publicações que visam resgatar vários temas importantes que repousam nas prateleiras dos arquivos durante séculos.
Nos finais dos anos 90 do século passado tivemos um “boom” crescente de digitalização dos acervos dos arquivos públicos, fato que pode ser constatado verificando a quantidade de editais publicados, liberando recursos para este propósito. Entidades, como o ministério da cultura, os fundos de amparo a pesquisa e outras entidades governamentais, na onda das tecnologias e da preocupação da degradação dos acervos, começaram a digitalizar os acervos em todo país. É uma ação que está preocupada com as evoluções tecnológicas, com a constante mudança de suporte material dos documentos, mas cabe ressaltar que essas transformações têm possibilitado e garantido o acesso a informação aos usuários. Isso é fato, podemos discordar da maneira como está sendo conduzida a constituição do acervo, como Critica JARDIM, quando diz que a avaliação tende a privilegiar a memória como uma construção técnica do arquivista, dado a sua capacidade de emitir valores, do que deve ser selecionado como patrimônio ou descartado.
Dentro desta perspectiva o Arquivo Público do Estado do Paraná não é diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil, e no que exige a lei sobre recolhimento dos documentos produzidos cotidianamente nas repartições públicas do estado. Os documentos históricos constituem cerca de 15% da documentação, dos quais quase sempre documentos que exprimiam a vontade do poder constituído da época, á versão oficial, dos vencedores,contra a ausência de vestígios da história de sujeitos comuns, normais, longe dos registros formais. Ainda assim, um número bem pequeno para rememorar a história cultural e identidade de um povo.
De qualquer forma tal acervo, constitui-se em importante fonte de conhecimento sobre o desenvolvimento social, econômico, político e administrativo do Estado do Paraná.


Arquivo público como lugar de memória

Existe uma extensa literatura que nos encoraja a discutir o Arquivo público como lugar de memória, sobretudo a partir de condições já debatidas neste texto, sobre a sua subjetividade do que deve ou não ser preservado. Antes de adentrarmos no mérito se o Arquivo Público do Estado do Paraná é ou não lugar de memória, faz se necessário conceituar o que é memória, para então nos aprofundarmos no tema. Segundo o dicionário Aurélio,

“memória significa faculdade de reter idéias, impressões e conhecimentos
adquiridos. Lembranças, reminiscências, o ato de reter idéias”.

Com esta conceituação, os documentos presentes no Arquivo Público do Estado do Paraná, o constitui como lugar de memória, porque remete a lembranças da cultura de um povo, no caso os imigrantes, que desembarcaram no Paraná com uma bagagem histórica cultural herdada de seus antepassados, e que se fazia presente nos diversos documentos do acervo. Mais precisamente a memória coletiva, naquilo que SANTOS (2003) cita do sociólogo Halbwachs de que a memória cultural é uma construção coletiva. É o conjunto dos elementos culturais, sociais e históricos que constituem as referências coletivas de um povo.

Sobre a construção social da memória, parece ser consenso entre os teóricos da área humana de que é tecida de forma coletiva, afinal o ser humano é um ser social, e como tal se realiza através das interações com o outro. Entretanto a memória social não é natural, mas construída como já vimos no tópico acima, muito de sua construção ocorre ao sabor da interpretação do arquivista, das técnicas da arquivologia. Dentro desta discussão polêmica, observa-se que aquilo que chamamos de uma memória social nada mais é do que resultado de um processo histórico de disputa de interpretações, como resultado do processo, ocorre a predominância de uma de tais interpretações e um esquecimento das demais. Naturaliza-se, assim, um sentido “comum” à sociedade, do arquivo como lugar de memória.

A discussão é incipiente, no que tange a crítica se realmente o Arquivo Público do Estado do Paraná ou de qualquer outro estado se constitui como lugar de preservação da memória. Podemos indagar, sobre qual memória estamos falando? A memória que é construída pelo sujeito social a margem do aparato oficial do estado de “ preservação” da memória coletiva, no caso os arquivos e museus, ou a memória dos documentos selecionada pelo subjetivismo do arquivista, com critérios que historiadores, psicólogos e sociólogos discutem se são os mais adequados.

Portanto, o tema é instigante para um debate, e salutar a partir do momento em que lançam bases para uma discussão mais aprofundada sobre a constituição do acervo de nossos arquivos públicos. É necessário destacar que o Arquivo Público do Estado do Paraná se constitui como lugar de memória, pois em seu acervo encontram-se presente materiais de memória sob as duas forma principais: os monumentos que refletem a herança do passado e os documentos, escolha do historiador, o que não deixa de ser fragmentos da memória cultural dos imigrantes.


Considerações finais

O acesso a informação, portanto aos documentos, sob a guarda dos Arquivos públicos é respaldada pela legislação federal, no entanto independentemente da unidade federal onde se está localizado o Arquivo, na prática as dificuldades tem demonstrado enormes para o cidadão apesar de garantido por lei.

A legislação federal e as diversas leis estaduais estudadas são suficientes para garantir ao cidadão o acesso aos arquivos. No entanto, são inúmeras as dificuldades encontradas pelas instituições arquivísticas para manter seus acervos disponíveis para consulta e para atender ao cidadão que procura os Arquivos, seja com o objetivo de realizar pesquisa científica ou de buscar a comprovação de direitos.

No caso de pesquisa acadêmica, a dificuldade de acesso aos documentos pelo pesquisador, poderá influenciar na difusão da história e cultura, uma vez que não satisfeita a necessidade de informação não há como reproduzir o legado cultural que repousa no acervo.

Ainda assim, diante dos fundos que compõe o acervo do Arquivo Público do Estado do Paraná, principalmente aqueles 15% que são históricos.

Não podemos deixar de reconhecer que o APEP, se constitui como lugar de memória, principalmente considerando o fundo Registro de Cadastro de Imigrantes, abre espaço para rememorar a cultura de seus países de origem.
Referência:

JARDIM, José Maria. A invenção da memória nos arquivos públicos. Ciência da Informação. Brasília, V.25, N.2, 1995.

SANTOS, Myrian Sepulveda dos. memória coletiva & teoria social. São Paulo: Annablume, 2003.

Dicionário on line de português disponível em:
http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1988.

FERRAREZI, Ludmila. arquivo, documento e memória na concepção discursiva.Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianópolis, n. 24, p. 152-171, 2º sem.2007.

BRASIL. Lei 8.159 de 08 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados dá outras providências.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Papel do bibliotecário no planejamento estratégico da empresa

A atuação do bibliotecário e as evoluções das tecnologias da Informação.

Neste artigo serão ressaltadas algumas transformações que ocorreram no ambiente de trabalho do bibliotecário ao longo da história, dentre elas os avanços da tecnologia, que culminaram em mudanças significativas em todas as áreas do conhecimento. Estas mudanças alteraram não só o “modo de fazer as coisas”, mas também a estrutura e funcionamento da sociedade e de suas organizações, redefinindo assim o modo de atuação dos profissionais no mercado de trabalho. Conseqüentemente analisaremos a atuação do bibliotecário como profissional capacitado a romper paradigmas conservadores de sua área e atuar na esfera empresarial como tomador de decisão.
A figura milenar do bibliotecário na sociedade vem sofrendo transformações que são inerentes aos avanços do conhecimento e da tecnologia. Esta profissão conviveu com várias mudanças ao longo da história, principalmente o trabalho com manuseio de suportes mais variados, como: pergaminho, tablete de argila, papiro dentre outros. Com a Revolução da microeletrônica, ou revolução digital em meados do século XX, os bibliotecários passaram a utilizar estas inovações tecnológicas no tratamento da informação em suas atividades.
Com a revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação começou a remodelar a base material da sociedade em ritmo acelerado. É neste ambiente que o bibliotecário terá de atuar, não só em bibliotecas, mas em outras unidades de informação, principalmente em empresas, lidando agora, mais do que em qualquer tempo, com o maior bem de capital presente numa empresa que é a informação.
Talvez a maior dificuldade de atuação do bibliotecário dentro desta nova perspectiva não reside no sentido da mudança de suporte da informação, que está por força das evoluções tecnológicas migrando do milenar papel para a forma eletrônica (on-line), e sim na maior dificuldade em mudar de ambiente de trabalho, atuando também em financeiras, bancos, escritórios de advocacias, e empresas de vários ramos; como nos mostra um estudo realizado por BAPTISTA (2000) nas regiões sul e sudeste.
Nessa transição observa-se, na literatura disponível a cerca do tema, uma enorme dificuldade do bibliotecário em se posicionar no mercado de trabalho além das unidades de informação já tradicionais como as bibliotecas. Pelo menos é isso que se percebe da atuação do bibliotecário no Brasil, muitos ainda não descobriram este lado interessante da sua área que é trabalhar em empresas, se o faz aqui no Brasil os exemplos são tímidos ainda. Os seus colegas do estrangeiro, da Europa como a Inglaterra, Alemanha e França e na América do Norte, os Estados Unidos, já estão disponibilizando os seus conhecimentos a serviço das empresas de vários ramos.

As habilidades do bibliotecário a serviço da empresa

Com o crescimento da tecnologia e conseqüentemente das informações disponíveis nas empresas, começaram a surgir dificuldades no sentido de controlar estes estoques informacionais. Com o mercado extremamente competitivo para as empresas não basta ter a informação, é preciso considerar que o sucesso de qualquer organização não depende somente das informações disponíveis, é necessário que em seus quadros tenham um profissional qualificado da área, no caso um bibliotecário, que possa agregar valor a essa informação.
O bibliotecário mais do qualquer outro profissional da informação domina as técnicas de sua área no que tange ao tratamento da informação e ele possui os conhecimentos necessários para elaborar e fazer parte do planejamento estratégico de uma empresa. Este profissional está habilitado a fazer o tratamento da informação, coletando, analisando, organizando e implementando ações que serão utilizadas para a melhoria contínua das atividades da empresa. Como ressalta Davenport (1998), o único profissional da informação que domina as técnicas de organização e classificação é o bibliotecário, além de trabalhar com fontes de informação interna sabe lidar também com as externas. Estas habilidades conferem ao bibliotecário um diferencial competitivo nas organizações.
Não existe um perfil ideal, tipificado, para este bibliotecário moderno atingir posição de destaque no organograma da empresa com poder de decisões. Aliado a seus conhecimentos da biblioteconomia há que se ter sensibilidade, talento e entender dos processos administrativos, orçamentários e tecnológicos da empresa.
Portanto, frente às diversidades do mercado de trabalho e às poucas ofertas de vagas em bibliotecas, as oportunidades de trabalho para os bibliotecários aumentam devido á sua formação diversificada, o que os possibilitam a executar vários papéis nas empresas dentre eles o planejamento estratégico.


Referências:

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2005. v.1

DAVENPORT, T. D.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

BAPTISTA, S.G. Profissional da informação, autônomo ou empresário, novas perspectivas de mercado de trabalho. Perspectivas em ciência da informação, V.5, n.1, p.91-98, jan./jun.2000.

Impressões do livro O Sangue do mundo

Em seu romance anterior, A viagem de Théo (1998), Catherine Clément nos apresentou o adolescente Théo Fournay. Naquele livro, Théo - então vítima de uma doença grave - acompanhava sua tia Marthe em uma viagem inesquecível pelo mundo. Durante o passeio, o jovem conhece de perto diversas religiões e entende as peculiaridades espirituais e culturais do Ocidente e do Oriente. Em O sangue do mundo, Clément retoma a vida de Théo. O rapaz, agora um adulto de 26 anos, dedica-se a causas ecológicas e elabora um projeto para concorrer a uma bolsa de estudos oferecida por uma fundação voltada à preservação do meio ambiente. A Terra está cansada, os recursos naturais se esgotam, e essa preocupação move Théo pelo mundo. Salvar os seres vivos é a grande questão para esse jovem, ainda que esse ideal nem sempre implique optar pela preservação dos costumes dos seres humanos.


Sobre as considerações deste romance de Catherine Clement, preferi analisá-lo em tópicos (capítulos), da mesma forma que postei no BLOG, critério que considerei necessário para uma maior reflexão da obra, sobretudo neste momento que estamos sofrendo com a escassez de recursos naturais devido ao desenvolvimento econômico desregulado do planeta.



Capitulo: Sangue do mundo
Sempre que Vejo aquele chão estrelado, luzes trêmulas de sódio e as minúsculas lamparinas das metrópoles pobres, eu me emociono. Não é como nas capitais dos países ricos. Nada de vitrines iluminadas, nada de iluminação pública, nenhum desses grandes espetáculos de luzes que fazem de Nova York ou de Paris rios de diamantes perenes.
Não há mais noites nas cidades do ocidente. Brilham demais, brilham de forma incandescente. Tão forte que os espécimes noturnos nelas se perdem e não encontram mais seus ciclos biológicos. Roedores,répteis,insetos, todas as espécies de animais não tem mais a escuridão de que precisam para se alimentar e se reproduzir. Enquanto isso, iluminamos. Em nome da beleza, mas que papel! Quem está preocupado com os seres noturnos incomodados pela Luz? (Pág.21)

Capítulo: Aquecimento Global

“....Os antibióticos existentes quase não surtem mais efeito, que, logo, logo, não poderemos mais combater as infecções, e que voltaremos a épocas que já esquecemos, aquelas em que as pessoas morriam á toa. Sabe por que ? Porque criadores idiotas deram antibióticos a seus animais para engorda-los mais depressa, só pensam em lucro...” Pág.40

- Não sou contra o progresso, Tia Marte! Quero que ele seja regulado. Você sabe que a ONU aprovou uma convenção para reduzir as emissões de gases que colaboram com o efeito estufa?
- Muito Bem! Que os países ricos sejam os primeiros! Como você sabe, os países pobres, onde a eletricidade ainda não chegou pra valer, não estão dispostos a renunciar o progresso! Negue isso...
Não, não ousarei.
Quem poluiu o mundo? Nós, os ricos. E quem dá as lições?
Em principio nós os ricos. Pág.41 e 42.

Capítulo: A terra está cansada

Catorze milhões de habitantes, 5 mil carros novos por dia, um nascimento por segundo, e, em menos de vinte anos, 2 bilhões de cidadãos indianos.
- Você vê, Théo - Começa tia Marte com seu tom sentencioso-, quando não há muita gente, respiro melhor. Quer saber? O verdadeiro problema não é a poluição. É a demografia! O mal que destrói o universo é a superpopulação do mundo.
- Justamente, Tia Marthe. Como se o número de humanos sobre a terra não levasse a sua destruição! Para alimentá-los, a gente tasca adubo químico. Para eliminá-los, gastamos uma energia louca, e isso sem falar nos transportes. Pág.49


Capítulo: A água está doente

Envolvida de branco da cabeça aos pés, uma mulher que caminha lentamente, no acostamento. Ela tem na mão um abana-moscas, mas o que está fazendo? Em vez de agitá-lo para afastar os insetos, está varrendo a estrada! Uma religiosa jainista. Para não correr o risco de caminhar sobre o ser vivo, ela varre adiante dela. A vassourinha é feita de fibras de algodão puro trançado, especialmente suave, para não causar sofrimento. Não é o cúmulo da não-violência? Pág.67

Provenientes da mesma época do budismo, sobreviveram apenas na Índia, onde são milhões. Vegetarianos radicais- nem ovos nem raízes;porque podem esconder parasitas...Pânico da idéia de matar um ser vivo. Trazem na boca uma máscara de tecido fino para evitar engolir um micróbio ou uma bactéria. Algumas vezes passeiam completamente nus, vestidos de nada. Muito empreendedores, tornam-se grandes comerciantes, são austeros, caridosos. Os únicos no mundo que praticam uma não-violência absoluta. Pág.67 e 68.

Não gosto das manhãs, são angustiantes. A idéia de refazer o mundo todos os dias tem algo de insuportável. Quando durmo numa tenda sobre um terreno minado,acordo melhor, preciso tratar rápido de pessoas que sofrem. Mas, num mundo em paz, o que devo fazer ? Escutar as notícias, a bolsa, os indicadores econômicos? Assistir ás aulas na faculdade? É triste! Não há um só dia em Paris em que, ao acordar, eu não sinto o coração apertado. Pág.74.

Os ocidentais sacam suas máquinas fotográficas e clique! Instantâneos. Dizem que essas cenas são bíblicas. Um chavão. Você, pelo menos, não tira fotos. Não tentar roubar nossos seres para exibi-los quando voltar.
- Mas é mesmo muito bonito-digo baixinho.
- Chamo isso de poluição do olhar-Diz Prem.- Não somos animais para sermos fotografados.
Prem pega pesado! Poluição do olhar? Nunca pensei nisso! O que isso quer realmente dizer? Que somos colonizadores quando fotografamos? É verdade que, na África, as mulheres ficam tão furiosas quando são fotografadas que exigem pagamento. Pág.75

Na Índia, o excremento humano, ao contrário do que ocorre com o da vaca, não é recuperado, é abandonado. Não são mais os cais sagrados de Benares, mas cocô Square. Ninguém limpa, ninguém recolhe os excrementos, vejo que defecam até no rio. Os caras não estão nem aí. Não se incomodam. É preciso acreditar que isso faz parte da cultura, pelo menos é isso o que nós, ecologistas, dizemos. Por respeitarmos as culturas, veneramos as diferenças. Pág.78

O sol está forte, Mahantji pisca os olhos. As pessoas chegam, colocam as tralhas no chão, pegam o sabonete, a toalha, e fazem a toalete no rio. As mães põem os meninos para urinar na água, limpam a bunda deles. Os que não se lavam entram para rezar, tomam um gole de água; com o olhar triste, desprezam os que se esfregam: por favor, sabonete no Ganges! E precisa? A água não é pura? Mais ao longe, um pequeno corpo verde bóia lentamente. É um bebê morto, Mahantji aponta com o dedo e suspira.
- É hora de voltar-diz.- pode me ajudar a subir os degraus? Já estou velho.
Ninguém tem o direito de tocar no bebê morto. Quando a corrente o aproxima dos banhistas, estes o afastam com um pedaço de pau. Será que as tartarugas carnívoras estão em greve? Pág.89

Capítulo: os mares estão doentes

Renate e eu nos despedimos no aeroporto de Tashkent, aonde chegamos de avião vindos de Nukus. Uma pista não é o lugar ideal para despedidas. Cheiro de gasolina, motores ligados, ruídos e zumbidos, jatos de calor e vento encanado, técnicos agitando bandeirinhas para dar ordem aos aviõezinhos, e nós, os apaixonados, em cena de adeus nesse aeroporto da Ásia Central. Renate embarca para Benares. Demo-nos um beijo em cada face, acariciei os cachos ruivos dela, Renate caminhou pela passarela, chegou a se voltar como no final de um filme para fazer um sinal com uma das mãos, enquanto o pequeno diamante na asa do nariz faiscou ao sol, uma centelha de deslumbramento.Sumiu. Pág.144.

Bastava se isolar do mundo para melhor reconstruí-lo. Comprei alguns hectares de vinhedo em plena Califórnia, havia ainda lugares distantes da civilização naquela época.Formamos uma comunidade, de umas sete pessoas, um número sagrado, e queríamos mudar de vida. Fugir do capitalismo, viver em grupo, eliminar raiva e ciúme, praticar ioga toda manhã, cultivar legumes, comer nossas frutas, criar galinhas.
Marilyn, uma jovem loura, dava as instruções. Eu nunca falava de Tom. Estava com Lewis, um etnólogo americanista que passara um tempo na Venezuela. Ele tivera a idéia de alojar nosso grupo numa casa comunitária, uma grande casa redonda como a dos Índios, para melhor partilhar, era o que dizia. Pág.148.

Capítulo: de Florestas e Homens

- Você não quer falar da Organização Mundial do comércio?
- É preciso negociar novas regras, distribuir as riquezas de outra forma, salvaguardar as economias dos países pobres, permitir que exportem para os países ricos, é trabalhoso, mas sabemos como fazer...
- Quem governa o mundo, na sua opinião?
- Acabo de lhe dizer, Théo! O dinheiro!
- Não. Os Estados Unidos.
- Você não vai cair nessa, Théo! Tenho horror de quem é antiamericano.
- Veremos, tia Marte. Quem se recusa a falar do aquecimento global? Quem dedica quase nada do orçamento para ajudar os países pobres? Quem quer acabar com a ONU? Os Estados Unidos. Quem persiste em subvencionar seus agricultores bloqueando o caminho dos países pobres? Os Estados Unidos e a Europa. Quem fixa as famosas regras da Organização mundial do comércio defendidas por você em detrimento dos pobres? A Europa e os Estados Unidos. Quem quer dominar o mercado dos medicamentos impedindo que os doentes que contraíram aids se sirvam deles nos países pobres? A Europa e os Estados Unidos. Os países ricos, minha cara! Pág.156.

De volta aos pigmeus de Camarões. Esse é um país engraçado, cuja ponta vai até o Chade como um dedo curvo, dunas, areias e deserto; ao sul, na parte em que está a floresta, vivem os pigmeus. Os que vão nos receber são os Bakola, que vivem em pequenos grupos dispersos ao longo da linha do oleoduto; trata-se de cerca de 2500 caras que vivem da caça e da agricultura. Este é o desafio do oleoduto: os pigmeus poderão continuar a caçar e a plantar quando o lugar onde vivem se transformar num grande canteiro de obras.
O oleoduto tem 1078 quilômetros de extensão. Quando estiver funcionando, vai transportar o equivalente a 260 mil barris de petróleo por ano. Seu ponto de partida está na região de Doba, no Chade, e seu ponto de chegada é um navio-tanque gigante estivado em mar aberto, a onze quilômetros de Kribi, uma pequena estação balneária na Costa de Camarões. Esse navio-tanque pode estocar sozinho 2 milhões de barris. Os números são gigantescos. Depositadas num banco de Londres, as divisas do petróleo, que já começam a entrar, proporcionarão 120 milhões de dólares por ano ao Chade; a Camarões, mero território de passagem, nem tanto. É o Chade que é dono dos campos de petróleo, “nosso sangue”, como dizem os Chadianos.
Nosso sangue, petróleo? Isso me dá calafrios.
Camarões 15% de terras aráveis, 5% de campos irrigados, 50% de floresta equatorial. Cinqüenta por cento de floresta, num planeta que tem dificuldades para respirar, é um tesouro de biodiversidade. O tesouro corre perigo de ser saqueado? Sim. Pág.162.


Primeiro, quando a copa das árvores desaparece, a temperatura no solo aumenta em proporções consideráveis. Na Amazônia, ela é doze graus mais elevada que na parte úmida ainda coberta de plantas. Segundo, como o ciclo da transpiração das folhas se desregula, as árvores não expelem mais umidade na atmosfera, e as chuvas diminuem. Terceiro, o resíduo das chuvas tropicais não é mais retido nos solos desmatados e os lençóis freáticos sofrem com isso. Os solos, nesse caso, estão “cozinhados”. Quarto, haverá então inundações e deslizamentos de terras. Quinto, quando a floresta é destruída, o carbono, armazenado nas arvores na proporção de 40% do carbono terrestre, libera-se sob a forma de CO2. Sexto, quando há florestas, o solo se recicla em nutrientes com as matérias orgânicas originadas das árvores, mas sem florestas não há mais nutrientes. Entendeu?
- É o apocalipse! Aumento do aquecimento global, desperdício das águas pluviais, inundações e catástrofes, erosão definitiva dos solos. Pág.166.

capitulo: Desertos, lixos, mau cheiro

-Invernada?
Foi o nome que os colonos franceses deram á estação das chuvas que caem na África Ocidental de julho a novembro. Mas lá se vão vinte anos, e nada mais de chuva ou de gritos de gaivotas, enfim, nada. Nesse tempo, o deserto avançou de tal forma em Abidjan, capital da Costa do Marfim, que a areia passou a cobrir os carros á noite... Um deserto se alastra com muita rapidez. Num espaço de quatro ou cinco séculos. Pág. 200.

Capitulo: a esperança faz viver

“Se vocês soubessem, ó estrangeiros, o medo que sentimos em certos momentos, compreenderiam por que somos tão dados a festas, cantos e danças.” Pág.271


CLEMENT, Catherine.O sangue do Mundo: a outra viagem de Théo.São Paulo: Companhia das letras,2005.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Aspectos da burocracia na cultura brasileira


Resumo:
Este artigo faz uma abordagem do surgimento da burocracia e seu conceito racional na perspectiva de Max Weber, procurado destacar seu real significado etimológico, ao contrário das definições pejorativas que são atribuídas a burocracia. O texto aborda também como os aspectos culturais de um país influencia suas organizações, em especial a coexistência do “jeitinho brasileiro” com o burocracia.



Palavras – Chave: administração - Burocracia – jeitinho brasileiro – organizações Weber.


Introdução:
O objetivo deste artigo será analisar a burocracia como forma de organização administrativa e como ela é vista no cotidiano do cidadão brasileiro. As organizações sofrem a influência da cultura da sociedade da qual estão inseridas. A cultura varia de uma sociedade para outra, o que afeta, diretamente, as organizações.
As organizações, certamente, refletem a cultura e, apesar da grande dimensão geográfica do Brasil e da existência de subculturas que surgem em cada região deste país e das próprias subculturas dentro das organizações, escolhemos o fenômeno jeitinho brasileiro para análise nesse estudo, por ele ser um mecanismo que compõe a identidade nacional no paradigma da burocracia.
Baseando em autores que estudam o tema como Barbosa e Damatta, iremos desenvolver esse artigo apresentando o conceito e o surgimento da burocracia, aspectos da burocracia na cultura brasileira e analisar o fenômeno jeitinho brasileiro a partir de uma visão antropológica da burocracia nas organizações e no cotidiano do brasileiro.


Conceito Burocracia:
No Brasil é comum algumas expressões, ao se popularizarem, trazer uma conotação diferente e até distorcida do sentido etimológico da palavra. Burocracia é um bom exemplo visto que em muitas vezes ela é definida pelo cidadão comum de forma pejorativa sendo, freqüentemente, associada a lentidão nos trâmites do processo e a produção de papéis em demasia por uma organização, dentre outras definições equivocadas do termo.
Burocracia, diferentemente das definições acima, segundo Max Weber (1991) trata-se de uma forma efetiva de organização administrativa; ele afirma que burocracia é as normas, os regulamentos, os estatutos, o contrato, a comunicação formal, a divisão do trabalho, as hierarquias e rotinas. O modelo burocrático de Weber traz características como: caráter legal das normas e regulamentos, formalidade nas comunicações, racionalidade e divisão do trabalho, impessoalidade nas relações, hierarquia de autoridade, rotinas e procedimentos estandardizados, competência técnica e meritocrática, administração separada da propriedade, profissionalização dos participantes, completa previsibilidade do funcionamento.Estas características, segundo este autor, trazem as seguintes vantagens: “racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização; precisão nas definições do cargo e na operação, pelo conhecimento exato dos deveres; univocidade de interpretação garantida pela regulamentação especifica e escrita; uniformidade de rotinas e procedimentos o que favorece a padronização; redução de custos e erros, pelo fato de os procedimentos serem definidos por escrito; continuidade da organização, visto que há reposição dos profissionais afastados e os critérios de seleção e escolha de pessoal são baseados na capacidade e competência técnica; constância devido ter mesmas decisões em circunstâncias iguais; subordinação devido à hierarquia; confiabilidade, porque o processo é conduzido de acordo com regras conhecidas”. A valorização destes pontos será mais intensa quando preconiza o modelo clássico de administração em que o organograma é linear, porém quando se pensa no modelo atomizado muitos dos valores enfatizados por Weber se perdem na busca da flexibilidade. Embora seja muito importante a contribuição deste autor para Gouldner, Weber não analisou a burocracia sob o ponto de vista político, não considerou os aspectos subjetivos e informais da aceitação das normas e leis impostas, também diz que ele não analisou a reação formal da organização se os subordinados não aceitarem. “O burocrático é um ciclo instável, buscando sempre a estabilização e o equilíbrio, mas provocando tensões e conflitos interpessoais” Gouldner[1]. Desta forma pode-se concluir que as variadas culturas exigem grau diferente de burocratização.
No Brasil a burocracia na perspectiva Weberiana perde muito o seu rigor principalmente nos quesitos comunicação formal, transparência, impessoalidade no trato com a coisa pública devido a cultura do “jeitinho brasileiro”, tema estudado pelo antropólogo brasileiro Roberto DaMatta, e que iremos abordar neste artigo.


Surgimento da Burocracia
O termo burocracia é formado pela união de duas palavras “bureau” do idioma Francês e “cracia” do grego que significam escritório e administração, respectivamente. Suas origens como forma de administração racional conforme registros históricos aparece na organização dos estados, mas posteriormente ela entra no âmbito das empresas privadas. Alguns autores, como Karl Marx, irão estudar sociedades antigas e constatar que a burocracia como organização humana, foi utilizada em algumas sociedades na antiguidade.[2] A burocracia fazia a intermediação entre os interesses particulares e gerais. Ela pode ser caracterizada no modo de produção asiático, coordenando os esforços da sociedade, determinando maior divisão de trabalho, separando mais rigidamente a agricultura do artesanato.
Por volta de 1940, tanto a Teoria clássica, quanto a Teoria das Relações Humanas não demonstraram ser modelos capazes de fornecer orientação ao trabalho dos administradores naquele momento. Aproximadamente sete anos após Weber teve sua obra traduzida para o Inglês. Isto possibilitou maior discussão nos ciclos acadêmicos e empresariais, e conseqüentemente passou a ser adotada sua teoria burocrática pelas organizações.Os três fatores principais [3] verificados por Weber, para que a burocracia moderna se desenvolvesse são:
1. O desenvolvimento de uma economia monetária cada vez mais intensa que facilitava e racionalizava as transações econômicas.
2. O crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas do estado Moderno. Somente a burocracia moderna com seu tipo de organização daria conta das enormes tarefas e complexidade.
3. A superioridade técnica, em termos de eficiência. Com o desenvolvimento tecnológico os sistemas sociais cresceram em demasia, as grandes empresas passaram a produzir em massa sufocando as pequenas. Além disso, nas grandes empresas há uma necessidade cada vez maior de se obter um controle e uma maior previsibilidade do seu funcionamento.
A construção ideal da burocracia é funcionalmente especializada; guia-se por regras abstratas e de aplicação universal; as decisões se baseiam no calculo da relação meios/fins e o objetivo final na coordenação e controle das ações de modo que a organização possa atingir seus objetivos. Sendo a burocracia o meio mais racional e objetivo de controlar os processos sociais (Weber 1991).


A burocracia no Brasil
Para entender a burocracia no Brasil é preciso conhecer a história do estado brasileiro, mesmo que aqui não é intenção de falarmos sobre a burocracia somente no âmbito estatal, mas os reflexos históricos acabam influenciando as organizações privadas, os costumes e hábitos da sociedade em geral.
A administração pública, no sentido contemporâneo é muito distinta daquela do passado. No entanto, muitas das idéias e, sobretudo, muitas das formas da Administração antiga permanecem ou resistem em desaparecer. A Administração contemporânea é baseada no conceito de burocracia. Conquanto essa expressão tenha uma conotação negativa na linguagem popular, como já mencionamos neste artigo, na verdade ela correspondeu a uma evolução notável na organização do poder político.
A idéia de burocracia se opõe ao modelo anterior, o da Administração patrimonial, isto é, uma Administração dos negócios públicos, ligada à propriedade ou patrimônio. Se olharmos para o Brasil no início do século XIX, e para os municípios especialmente, veremos a confusão entre poder político e propriedade. Quem exercia o poder político concretamente detinha o poder econômico, isto é, a propriedade. Daí talvez advém a confusão porque em nosso dia-a-dia percebe-se que muitas pessoas não conseguem separar a coisa pública de nossos interesses privados. O exemplo mais contundente e que se tornou absolutamente normal poderá ser ilustrado em alguns setores públicos, em que determinado servidor não considera uma infração grave utilizar o aparelho estatal em benefício próprio. Isto denota uma tendência a apropriação da propriedade pública dado a facilidade de acesso aos seus meios facilitando a “Corrupção”. O servidor ou funcionário, neste exemplo, considera-se no direito de usar o telefone, internet, carros e outros benefícios numa clara demonstração dessa herança histórica do nosso estado patrimonialista. Aspectos estes que carregam os vícios das organizações burocráticas, verifica-se, então o que Merton chamou de disfunções da burocracia[4], isto é, anomalias e imperfeições responsáveis pelo sentido pejorativo que o termo burocracia adquiriu junto aos leigos no assunto.


“O Jeitinho brasileiro” na burocracia
O termo o “jeitinho brasileiro” foi tema de estudos do antropólogo brasileiro Roberto Damatta durante sua vida acadêmica, que posteriormente se traduziu na publicação do livro “O que faz o Brasil, Brasil?”, dentre outros trabalhos do autor nessa linha. O “jeitinho” é um modo de navegação social tipicamente brasileiro, em que as pessoas utilizam-se do aspecto emocional, como apelo, chantagem, laços familiares, para conseguir benefícios para si ou para terceiros. O “jeitinho brasileiro” surgiu como um contorno à burocracia, uma maneira de driblar os códigos do sistema civil brasileiro.
Nos estudos de Roberto Damatta, este jeitinho é um trunfo utilizado por pessoas de pouca influência social, porém acredito que tal artimanha é também usada por indivíduos que gozam de prestígios na sociedade brasileira. Independente de raça, credo ou religião tal fenômeno como demonstra Lívia Barbosa (1992), é praticado por todos aqui no Brasil e seria ousado, segundo a autora, dizer que não existe ninguém que já o tenha usado. Um outro exemplo típico disto é o que Damatta (1986) chama de “você sabe com quem está falando?”, expressão utilizada por indivíduos de todos os níveis sociais. Tal atitude representa a pessoa que se impõe sobre as demais, desrespeitando a hierarquia e as normas, valendo-se de algum status para passar por cima da lei.
As leis brasileiras são pra inglês ver, neste jargão conhecido e proferido várias vezes por nossos cidadãos em momento de fúria quando se sente lesado em alguma situação, ilustra bem o aspecto das relações formais. Uma comparação com o que acontece nos EUA, França e Inglaterra é inevitável, e o próprio Damatta explica que nesses países:
“...as regras ou são obedecidas ou não existem. Nessas sociedades, sabe-se que não há prazer algum em escrever normas que contrariam e, em alguns casos, aviltam o bom senso e as regras da própria sociedade, abrindo caminho para a corrupção burocrática e ampliando a desconfiança no poder público.” Damatta (1986)
Ao contrário das instituições norte-americanas, as instituições brasileiras são formatadas para coagir e desestruturar os indivíduos. Se isso faz parte da natureza do estado brasileiro, o indivíduo desamparado por uma legislação que não contemple suas necessidades, se sentirá atraído para utilizar do “jeitinho” para vencer as durezas da realidade opressora. Nos EUA essa possibilidade já não existe uma vez que essa prática não é permitida nas leis daquele país o que levaria a alteração dos costumes e da vida privada. Em síntese, ou “pode” ou “não pode”. Aqui no Brasil descobrimos que é possível um meio termo um “pode-e-não-pode” ao mesmo tempo.
Se tais ocorrências são corriqueiras no cotidiano de nossas organizações, isso demonstra segundo constatou Merton a não previsibilidade da burocracia, isto porque o tipo ideal de burocracia sofre alterações quando operado por homens.
Na nossa discussão evidencia-se então além das disfunções da burocracia presente em nossas organizações, ainda convivemos com um outro componente histórico na formação do Brasil do que é o jeitinho brasileiro.

Considerações Finais
Em uma época em que as tecnologias proporcionam transformações em todas as esferas num ritmo muito acelerado, pode parecer um contra-senso verificarmos organizações adotando modelos burocráticos em suas gestões administrativas. Infelizmente a burocracia para os leigos no assunto é sinônimo de algo retrógrado, de lentidão, de ineficiência, dentre outros adjetivos que deturpam seu significado real.
A burocracia racional como é proposta por Max Weber, é essencial ao planejamento e execução das atividades das organizações visando atingir os objetivos propostos, suas características permitem o bom funcionamento das organizações e o uso da justiça; porém com a necessidade de flexibilização nas administrações faz-se necessário reduzir o rigor presente nas características da burocracia proposta por Weber.
O que percebemos com base nesta revisão bibliográfica é que nas organizações administrativas brasileiras existem simultaneamente modelos de estrutura burocrática com elementos da cultura nacional como o “jeitinho brasileiro”. Em contrapartida a um estado que não é capaz de assegurar e de prover o cidadão brasileiro das mínimas condições de subsistência, este “jeitinho” passa a ser um recurso legitimado em nossas relações para se conseguir o que se necessita. Alguns autores e aí se inclui o antropólogo Roberto Damatta, o qual destaca que não é antiético, desde que tais “artimanhas” não lesem a terceiros. O que é difícil de se prever, uma vez que nos exemplos aqui citados sempre terá alguns beneficiados e outros prejudicados, além de que, se não são antiéticos, são imorais e não coadunam com o princípio de igualdade de justiça.
É costume das pessoas em geral criticar nosso tipo de burocracia e elogiar as que existem no exterior, seja em empresas privadas ou públicas, o fato é que é possível afirmarmos que uma característica bem brasileira, como o “jeitinho” influencia essa comparação.




Referências Bibliográficas:

BARBOSA, Lívia. O Jeitinho brasileiro – a arte de ser mais igual que os outros. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. 153p.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução Geral a Administração. São Paulo: Makron Books, 1993.

DAMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: Para uma sociologia do dilema brasileiro.Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

DAMATTA, Roberto. O que faz o Brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Rocco, 1986.

FONSECA, Maria Odila. Information and human rights: access to archival information. Ci. Inf., May/Aug. 1999, vol.28, no.2, p.146-154.

WEBER, Max. Economia e Sociedade. Fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Ed. UnB,1991.
[1] Alvin Gouldner. Patterns of Industrial Bureaucracy, Glencoe, III., The Free Press, 1954 citado em Chiavenato Idalberto. Introdução á Teoria Geral da Administração, cit pág. 449.
[2] Karl Marx, estuda o surgimento da burocracia como forma de dominação estatal na Antiga Mesopotâmia, China, Índia, Império Inca, antigo Egito e Rússia.
[3] Max Weber, “The Theory of Social and Economic Organization”, citado em Chiavenato Idalberto, Introdução a Teoria Geral da Administração,cit.,p 418.
[4] Robert K. Merton, “Estrutura burocrática e Personalidade”, in Organizações Complexas, citado em Chiavenato Idalberto, Introdução a teoria geral da Administração, P.431.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O desafio de se formar empreendedores através da reformulação do modelo educacional

Muito se tem dito de que a educação é a base do desenvolvimento dos países ricos, principalmente as nações européias que a até a década de 70 do século XX conviviam com enormes taxas de pobreza, devido aos resquícios das duas guerras mundiais. Os europeus assim como os Japoneses destruídos pela guerra se reconstruíram através da educação.
O exemplo sempre é citado no Brasil, para que o mesmo possa ser uma potência como os europeus, deverá investir pesado na educação de seu povo. Com muitos anos de atraso o investimento deverá ser feito com certa urgência para mudar a estrutura educacional do país que está engessada em estruturas arcaicas conforme salienta LAPOLLI, formando alunos para profissões que não existem mais.
No Brasil as pessoas através do “jeitinho brasileiro”, expressão utilizada pelo antropólogo Roberto Damatta, tenta contornar de improviso, sem sustentação, as coisas do cotidiano e assim vale também para o gerenciamento de sua empresa ou abertura do seu próprio negocio.
Não existe uma política educacional e nem o hábito cultural de empreender no Brasil como acontece nos Estados Unidos. Despreparadas as pessoas querem empreender de qualquer jeito, e o resultado como mostra uma pesquisa (período 1995 e 1999) da JUCEMG/SP é de que 71% das 1.750 empresas pesquisadas encerram as suas atividades antes de completarem cinco anos de vida.
Quando verificamos que a educação não possibilita o surgimento de mais empreendedores, alguns fatores devem ser levados em consideração, primeiro porque o paradigma do sistema educacional forma empregados, como destaca BRINGHENTI, não que isso seja errado, mas deveria incentivar com a mesma intensidade a ser patrão também.. Além disso, por questões possivelmente movidos pela moral católica de que enriquecer é pecado, não possuímos o hábito de discutir em família assuntos como planejamento e independência financeira etc.
Iniciativas educacionais tem ocorrido sobretudo por algumas associações comerciais ou através do SEBRAE em todo o país, o que colabora para mudar este quadro viciado de nossa educação. No caso do chaveiro carioca, sem a iniciativa do SEBRAE-RJ em promover o curso de negócios, o seu lado empreendedor nunca desabrocharia, nunca mudaria de ramo de chaveiro para dono de um restaurante.
Uma das teses que poderia estimular a mudança do paradigma educacional brasileiro especificamente, seria trabalhar o indivíduo através de seu processo criativo. Temos vários casos de sucesso em que as pessoas trabalham menos horas diárias, fazem o que gostam e ganham duas, três ou mais vezes do que no período em que eram empregados de uma empresa. Se o processo criativo surge em cada indivíduo no momento em que este está ociando, como diria o sociólogo italiano Domenico de Masi, já é hora nossas escolas deixarem fluir
lado criativo de cada empreendedor.
Hoje com quase todas as atividades sendo desenvolvidas por modernas máquinas, com incremento tecnológico da informática, seria um desperdício de tempo, esforço e dinheiro continuarmos com com um plano de curso ultrapassado, engessado, em que 70% ou 80% dos conteúdos o aluno é obrigado a fazer porque faz parte do currículo mínimo. Seria mais interessante e produtivo possibilitar que aluno e professor trabalhem em prol de algo efetivo, que o aluno goste e vá “tocar pra frente” o seu negócio, aquilo que ele sabe fazer. Não serei ousado em afirmar que esse talvez seja o motivo pelo qual a maioria das micro e pequenas empresas encerram suas atividades antes de cinco anos, ou dos altos índices de evasão escolar.
Para que as pessoas possam começar a empreender, seja seu próprio negócio ou mesmo na empresa na qual trabalha, o ambiente que o cerca terá de ser propício para que ele potencialize suas habilidades, criatividade, e espírito de liderança; isso é possível somente através de uma ampla reforma pedagógica no Brasil.



Referencias
FRIEDLAENDER, G. M. S; BRINGHENTI, C e LAPOLLI, E. M. Preparando-se para
Empreender. In. ENEMPRE – Encontro Nacional de Empreendedorismo. 4, Anais,
Florianópolis: ENE, 2002.

SEBRAE. SobreviVencia e MORTALIDADE DAS EMPRESAS PAULISTAS DE 01 A 5 ANOS. Disponível em:
WWW.sebraesp.com.br/principal . em 17/09/2008
DE MASI,Domenico. A economia do ócio.Rio de Janeiro:sextante,2001.
http://www.empreenderparatodos.adm.br/vida/mat_12.htm